quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Adubação e Calagem

Resumo escrito por FRANZÃO, A. A. e MELO, B

Apesar de o cultivo da aceroleira envolver uma planta rústica facilmente adaptável aos mais variados tipos de solo, requer manejo correto quanto à adubação e nutrição das plantas, principalmente nos pomares orientados para a exportação.
A fertilização é de suma importância em termos percentuais, para o aumento da produtividade. Segundo Lopes e Guilherme (1990), se feita uma aplicação correta o retorno de investimentos realizados reflete-se no aumento da produção por unidade de nutriente aplicado. A ineficiência de fertilizantes significa baixa produtividade e baixo lucro, resultado que pode inviabilizar o retorno dos investimentos.
Para a exportação o manejo racional, dos fertilizantes é fundamentalmente necessário, estas técnicas de manejo básico e essencial, estão a seguir:

a)– Análise de solo – É um excelente meio de se diagnosticar, com maior precisão, o fertilizante e a quantidade a ser aplicada.

b)– Análise foliar – Tornou-se um importante recurso para a diagnose de problemas nutricionais, principalmente em culturas perenes. Se associada à análise de solo proporciona orientação segura no manejo dos nutrientes ao longo do ciclo fenológico da cultura.

c)– Testes de tecidos – Os testes rápidos ou testes de tecidos são muito conhecidos nos Estados Unidos e Europa. No Brasil o seu uso ainda é muito limitado. São utilizados na avaliação nutricional das plantas, sobretudo no que diz respeito a nitrogênio, fósforo e potássio. Feitos no campo, dão uma idéia imediata da situação nutricional do pomar.

d)– Observação dos sintomas de deficiência de nutrientes – Permite a identificação visual da deficiência de nutrientes em plantas, com vistas ao diagnóstico e à previsão dos problemas do pomar.

e)– Conhecimento dos fatores que afetam a disponibilidade de nutrientes – É fundamental para a tomada de decisões a cerca da aplicação de micronutrientes. Esses fatores, entre outros, o nível do pH do solo e a presença do alumínio em níveis tóxicos.
Lopes e Guilherme (1990) assinalam que o histórico da área a ser cultivada é de grande valia na otimização ou maximização do uso e eficiência dos fertilizantes.
No Brasil, há pouca informação disponível a respeito da adubação e nutrição nas condições edafoclimáticas das áreas irrigadas do Nordeste.
Estudos desenvolvidos em Porto Rico, Cibes e Samuels (1955) assinalaram os principais problemas e sintomas de deficiência nutricional na aceroleira cultivada em solução nutritiva:
1 – A eliminação do nitrogênio da solução nutritiva foi o fator que mais deteve o crescimento e a produção das plantas.
2 – A deficiência de fósforo, boro, enxofre e ferro não tiveram efeito tão nocivo sobre o crescimento das plantas quanto o produzido pela carência de nitrogênio, porem diminuiu drasticamente a produção de frutos.
3 – A deficiência de magnésio e manganês produziu efeito pouco significativo sobre o crescimento e a produção das aceroleiras.
4 – A falta de potássio diminuiu o diâmetro dos ramos e o tamanho dos frutos.
5 – A deficiência de cálcio retardou de modo significativo o crescimento das plantas.
6 – Os índices mais altos de nitrogênio foram encontrados em folhas de árvores deficientes em enxofre e ferro.
7 – As plantas deficientes em nitrogênio apresentaram alta concentração de fósforo nas folhas.
8 – As árvores deficientes em fósforo não apresentaram sintoma algum dessa carência.

Fonte: http://www.fruticultura.iciag.ufu.br

9 – Os menores níveis de ferro foram observados nas folhas de plantas deficientes em cálcio.

10 – Os sintomas mais sérios de deficiência de nitrogênio provocaram o amarelecimento total e a queda das folhas.



Silva e Junior e outros (1988), citados por Alves (1992), observaram que o nitrogênio e o potássio são os elementos extraídos em maior quantidade pelos frutos.

Marty e Pennock (1965) ressaltam a conveniência de suprir fartamente a aceroleira de elementos maiores, principalmente o nitrogênio, sugerindo a aplicação da fórmula 14-4-10, duas vezes por ano na quantidade de 160kg/ha, nos dois primeiros anos da implantação do pomar.

Os adubos devem ser distribuídos em circulo sobre a superfície do terreno, na projeção da copa.

Simão (1971) indica a fórmula 8-8-15 a base de 500g/planta até a idade de quatro anos. Para as plantas adultas, recomenda a mesma fórmula, usando porém 1,5 a 2,5kg/planta em duas aplicações.

Simão (1971) recomenda ainda que até o início da frutificação a planta seja adubada anualmente com esta mistura: 400 gramas de superfosfato de cálcio e 200 gramas de cloreto de potássio. Iniciada a frutificação, recomenda a aplicação da seguinte fórmula: 660 1.000 gramas de sulfato de amônio ou nitrocálcio; 600 a 900 gramas de superfosfato de cálcio e 375 a 500 gramas de cloreto de potássio. Esta adubação que é indicada para áreas dependentes de chuvas, deve ser dividida em duas doses iguais, uma aplicada no início do período chuvoso e a outra no fim desse período, em faixa circular distante entre 20 e 40cm do tronco ou na projeção da copa.

Para as áreas irrigadas do submédio São Francisco, recomenda-se aplicar em fundação (cova) 400-500 gramas de superfosfato simples; 300-400 gramas de cloreto de potássio e 20 litros no mínimo de esterco bem curtido. Durante o primeiro ano recomenda-se a adubação mensal em cobertura e na projeção da copa 30-40 gramas de uréia e 30-40 gramas de sulfato de potássio por planta, adicionando-se a cada seis meses também em cobertura, 20 litros de esterco bem curtido.

As adubações regionalizadas ou generalizadas nem sempre devem ser adotadas indiscriminadamente, sobretudo se não estiverem acompanhadas de uma caracterização detalhada do solo, do manejo e do estádio de desenvolvimento da cultura.

Na adubação orgânica, apesar das poucas experiências realizadas, seu uso é recomendável principalmente por ocasião do plantio e, depois, duas vezes por ano em cobertura sob a projeção da copa. Deve ser incentivado nos solos arenosos da região semi-árida do Nordeste, em virtude da sua pobreza em matéria orgânica e pela proteção que essa adubação oferece contra a insolação direta e a conseqüente evaporação.

A análise química do solo deve ser feita pelo menos a cada dois anos, para que se possa avaliar a necessidade não só da aplicação, de corretivos, como da adequação dos níveis de cálcio e magnésio.

A calagem é recomendada com base no teor de alumínio trocável ou em função dos níveis de cálcio e magnésio no complexo sortivo do solo. Também poderá basear-se no teor de matéria orgânica presente no solo.

Estudos realizados por Hernandez-Medina e outros(1970) relatam que a aceroleira apresentou um sistema radicular mais vigoroso nos solos com pH na faixa de 5,5 a 6,5. As árvores cresceram com maior vigor, apresentaram uma folhagem verde-escuro e propiciaram, maior produtividade. Nos pomares de acerola orientados para a exportação, a calagem constitui-se pois, numa prática indispensável, com vistas à correção do pH do solo, para situá-lo na faixa que melhor atenda às exigências da cultura. Hernandez, (1970) ainda ressalta que a aplicação de calcário aumenta a produtividade i o conteúdo de ácido ascórbico da fruta.

O sucesso da calagem dependerá, das características do corretivo, bem como da dosagem e do método de aplicação do produto.

É indispensável que o produtor dispense cuidados especiais à adubação e à correção do solo, para que possa conseguir na sua atividade frutícola uma relação custo/benefício eficiente.

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